Instituto Libertário Cristão
Randy England
Esta é a segunda parte da série Objeções ao Libertarianismo, que está dividida em um total de seis partes. Na parte anterior, abordamos questionamentos católicos à liberdade.
A esquerda política sempre iguala o individualismo ao egoísmo. O individualismo é um conceito amplo. Como católicos, não somos individualistas em nenhum sentido religioso ou ético. Tendo em vista os ensinos da Igreja sobre fé e moral, os libertários católicos de forma voluntária acolhem esses preceitos da Igreja; caso contrário, eles não seriam católicos.
O individualismo libertário localiza-se no espectro entre duas concepções beligerantes do Estado. Uma extremidade desse espectro vê o Estado como um fim em si mesmo, o indivíduo é usado apenas como um simples meio para realizar a vontade do Estado. Essa forma de pensar é encontrada em sociedade como as da Grécia e Roma antigas. Os governos totalitários do século XX da ex-União Soviética e da Alemanha nazista oferecem exemplos modernos.
A outra extremidade do espectro caracteriza-se pela ausência completa de qualquer autoridade governamental. Em tal contexto, cada homem faria aquilo que desejasse, limitado apenas pela sua capacidade pessoal; e sem se preocupar com danos que possa causar a outros.
O individualismo libertário não é totalitário nem uma rixa ilegal sem governo. Em uma sociedade libertária, o princípio de não agressão é seminal; e seu “individualismo” é simplesmente uma forma de respeito pelas pessoas, ou seja, pelos outros.
Esse respeito pelos direitos e pela propriedade de outros pareceria um solo improvável para sustentar a acusação de egoísmo; mas é desse jeito que os críticos católicos da esquerda descrevem os libertários. Eles analisam o coração libertário e concluem que somos incapazes de ver nosso semelhante como a nós mesmos. Eles reparam em como os libertários desaprovam que se roube de um para ajudar o outro. A partir disso, concluem que não amamos o pobre. “Está bem, mas pela graça de Deus, que vá eu”, imaginam eles, demonstra um sentimento que jamais move a alma libertária. Essas são acusações sérias e nada caridosas com as quais julgar um irmão cristão. E completamente sem mérito.
Os católicos libertários – por outro lado – não conseguem imaginar uma expressão mais falsificada de amor pelo pobre do que a disposição de colocar uma arma na cabeça de nosso irmão com o objetivo de torná-lo um homem mais caridoso. Os libertários preferem a caridade voluntária, a ajuda mútua e a retirada de todas as barreiras (ver a próxima postagem sobre “desigualdades imorais”) que impedem que as pessoas ganhem a vida de forma digna.
As objeções mais frequentes ao libertarianismo vêm da esquerda. Eles temem a descentralização do controle e veem o estado de bem-estar social como a melhor e única forma solidária para ajudar os pobres.
Há igualmente críticos na direita. Eles estão mais preocupados com prejuízos a princípios, a não ser que o Estado puna vícios como se fossem crimes.
Na próxima postagem, iremos considerar o que dizem aqueles que defendem que: “os católicos não podem ser libertários, porque libertários rejeitam o ‘bem comum’”.
O ILC publica artigos, vídeos e outros conteúdos de autores que se identificam como cristãos e libertários. Esses conteúdos refletem diferentes opiniões, com as quais nem todos concordarão. Da mesma forma, nem todo conteúdo representa necessariamente uma posição 100% compatível com a visão oficial do ILC.