C A R R E G A N D O . . .

Instituto Libertário Cristão

Randy England

O relacionamento de Jesus com o Estado era tumultuado. Começou com a tentativa de assassinato de Jesus ainda bebê pelo rei Herodes, e terminou com a sua crucificação pelo procurador romano Pôncio Pilatos ao final do ministério público de Jesus. No intervalo entre esses dois marcos, o ministério de Jesus apresenta muitos insights sobre sua visão a respeito do Estado. 

No início do seu ministério, Jesus “foi levado pelo Espírito ao deserto a fim de ser tentado pelo Diabo”.

Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: “Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar”. Jesus lhe disse: “Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’”. Então o diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram” (Mateus 4:8-11). 

Aqui Satanás ofereceu a Jesus os reinos do mundo. A sua audaciosa proposta supõe que aqueles reinos políticos eram seus para dar. Em uma leitura superficial, pareceria que a oferta era real – pois, se não fosse – então Jesus não foi de fato tentado. Evidentemente, Jesus não argumentou a respeito. 

No evangelho de João, Jesus refere-se a Satanás ao prever que o “governante deste mundo será expulso”. Da mesma forma, Paulo refere-se ao Diabo como o “deus deste mundo” (2 Coríntios 4:4). A consciência de Jesus a respeito da influência do Diabo sobre os reinos do mundo irá dar o tom do restante do seu ministério. 

Em Mateus, capítulo 20, a mãe de dois dos discípulos de Jesus, Tiago e João, veio com eles falar com Jesus. Ela queria que seus filhos fossem governantes com Jesus, presumivelmente depois que ele expulsasse os romanos do seu país. Ela se ajoelhou diante de Jesus e fez o seu pedido. “O que você quer?”, perguntou ele.

Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda”.

Jesus explicou, “Você não sabe o que está pedindo”, e acrescentou que os filhos dela, na verdade, iriam sofrer com Jesus, “mas sentar à minha direita e à minha esquerda não cabe a mim determinar”. Mesmo que o pedido tenha sido negado, ele não foi bem-visto pelos outros apóstolos, os quais, quando souberam, ficaram indignados com os dois irmãos. Mas Jesus chamou-os e disse, “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo,e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo” (Mateus 20: 25-27). 

Enquanto reconhece que “as pessoas mais importantes exercem poder sobre eles”, Jesus diz que seus discípulos devem se comportar de maneira diferente: “Não será assim entre vocês”. Desde os dias de Josué, a posição de Deus a respeito dos governantes terrenos não mudou. Ele aceita o fato de um governo humano – e mais adiante diz aos seus seguidores que podem se submeterem a esse governo –, mas, em seguinte, insiste: “Não será assim entre vocês”. Jesus mostra, assim, a separação entre o seu reino e o do mundo.

*Este artigo foi originalmente publicado no Catholic Libertarians.


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