C A R R E G A N D O . . .

Instituto Libertário Cristão

Nota do editor:

“Quando o governo limita-se a proteger os direitos individuais dados por Deus de segurança pessoal e de propriedade, então, as pessoas são livres para ocuparem-se das próprias coisas desde que não violem o direito de outros que fazem o mesmo. Ao contrário, quando a legislação feita pelos homens […] ordena as pessoas a executar determinadas ações, então a pessoa pode ser culpada de crime apenas por sentar-se em casa e cuidar de seus afazeres. Uma vez estabelecido o princípio de que o governo tem o poder de ditar o que os cidadãos devem fazer em alguns casos, a sociedade começa a escorregar na proverbial ladeira rumo à tirania”. 

Em “A Caridade Cristã e o Estado de Bem-Estar Social”, o docente, economista e o membro associado do Center for Vision &Values em Economia e Política Social do Grove City College, o dr. Mark W. Hendrickson, explica:

“Há quase um acordo universal entre os cristãos de todas as classes políticas de que um de nossos privilégios e deveres é exercer a caridade. Onde discordamos é na questão de se a autoridade secular do Estado deve ser um agente da caridade cristã. para Alguns, tal aliança parece lógica; para outros, é um non sequitur concluir que, porque devemos executar atos de caridade, devemos recrutar o Estado para nos auxiliar”. 

Ao explorar tópicos tais como “Cristãos e governo – a diferença essencial”, “Comunismo bíblico”, “Evangelho, Lei e Legislação”, a “Tentação Democrática”, a “Armadilha dos Direitos”, o “Modelo Bíblico da Caridade” e “A Superioridade Prática da Caridade Privada”, dr. Hendrickson ressalta, “Os apóstolos praticaram o comunalismo, não o comunismo. O comunalismo é totalmente consensual. Abrange apenas aqueles membros de uma comunidade maior que decidem, voluntariamente, participar”. 

Informações: Se desejar entrar em contato com Dr. Hendrickson para comentários, favor contactá-lo em [email protected].

A Caridade Cristã e o Estado de Bem-Estar Social 

Mark W. Hendrickson 

Observações Preliminares 

Meus colegas no Grove City College advertiram-me de que algumas pessoas poderiam pensar por que eu, com diplomas em Economia e não em Teologia, escreveria um ensaio que emprega exegese bíblica. Invertendo os papéis, como me pareceria se um teólogo escrevesse um tratado econômico? 

Tenho um punhado de respostas prontas. Primeiro, se eu me incomodasse sempre que um teólogo expressasse uma opinião econômica, eu ficaria incomodado com frequência, pois os teólogos, de fato, abordam essas questões com bastante frequência. Muitos padres (dentre eles, meu primo Larry) e pastores (e incluo meu vizinho, Jim) pregam e propõem teorias econômicas nos púlpitos. A literatura econômica com base teológica é comum, tendo como dois dos maiores e mais famosos exemplos, o protestante Ronald Sider em Rich Christians in a Age of Hunger [Cristãos Ricos em uma Era de Fome] e as periódicas encíclicas papais da Igreja Católica Romana. 

Rejeito a noção de que os economistas têm ou merecem ter o monopólio dos comentários econômicos e rejeito a noção de que temos o monopólio da sabedoria econômica. Na verdade, dadas algumas das falácias notórias enraizadas na ortodoxia econômica do mainstream, diria que minha profissão sofre da ausência aguda de sabedoria econômica, de modo que digo: ”Seja bem-vindo!” a qualquer um, independente de credenciais acadêmicas, que possa trazer algum bom senso para as questões econômicas vitais de hoje. 

Ora, invertendo novamente os papéis, assim como objeto que economistas profissionais desfrutem de qualquer tipo de prerrogativa exclusiva para falar de questões econômicas, protesto mais veementemente contra a afirmação de que o comentário bíblico é província exclusiva daqueles com credenciais acadêmicas ou eclesiásticas em religião. Talvez seja minha criação protestante, mas creio que a Bíblia é para todos e que Deus comunica-se a cada um de nós, diretamente, por meio de sua Palavra inspirada. Posso não ter posto acadêmico como pensador teológico, mas sou um pensador que passou muito tempo refletindo sobre a Bíblia, e tenho tanto direito de discutir os preceitos bíblicos quanto qualquer outra pessoa. 

Estou bem ciente das inúmeras desavenças e disputas acerca da interpretação das Escrituras (de que outro modo teríamos tantas denominações e congregações dissidentes?) e assim, é claro, alguns de você, leitores, discordarão – talvez de modo bastante enfático – com meu atual entendimento do significado dos versículos bíblicos. Que seja. Deixem-me afirmar, aqui, apenas dois fatos: Primeiro, tenho lido a Bíblia diariamente, com poucas exceções, por mais de 35 anos, de modo que não sou mero repetidor ou diletante simplista. Em segundo lugar, formei as opiniões aqui contidas totalmente sozinho. Minhas opiniões sobre como os princípios do cristianismo informam as questões econômicas não são ensinadas em igreja alguma que conheça, nem posso citar acadêmicos religiosos a respeito de minha interpretação particular do que dizem as Escrituras, já que embaso meus argumentos diretamente nos próprios versículos bíblicos e não naquilo que um ou outro acadêmico diz que a Bíblia diz. Se compreendi mal as palavras de meu Deus e meu Salvador, então estou certo de que a sabedoria divina encontrará um meio de me corrigir. 

Convido que explorem esses pontos que levantei com a mente aberta e depois decidam, vocês mesmos, se criei uma hipótese convincente. 

Introdução 

Há quase um acordo universal entre os cristãos de todas as classes políticas de que um de nossos privilégios e deveres é exercer a caridade. Onde discordamos é na questão de se a autoridade secular do Estado deve ser um agente da caridade cristã. para Alguns, tal aliança parece lógica; para outros, é um non sequitur concluir que, porque devemos executar atos de caridade, devemos recrutar o Estado para nos auxiliar. 

Essa questão surgiu na entrevista de agosto de 2008 que o pastor Rick Warren conduziu com os candidatos presidenciais dos partidos Democrata e Republicano. Quando Warren pediu a Barrack Obama para nomear a maior deficiência moral da nação, o então senador Obama respondeu o apoio insuficiente aos menos favorecidos, dentre eles os pobres. Obama, na ocasião, citou a afirmação do Senhor Jesus: “todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40) como justificativa bíblica para seus planos de aumentar a assistência econômica governamental nacional aos pobres. 

Como presidente, Obama continuou a citar versículos bíblicos para sustentar sua agenda política. Por exemplo, em agosto de 2009, Obama invocou as Escrituras na Internet durante uma teleconferência para milhares de clérigos e líderes religiosos. Instando os ouvintes a apoiar seu objetivo de instituir um seguro-saúde universal, o presidente afirmou: “ uma obrigação moral e ética [é] que sou o guardião do meu próximo”. Claro, até em nossa época relativamente secular, os líderes políticos não têm vergonha de invocar as sagradas Escrituras em apoio ás suas agendas políticas. 

O presidente Obama levantou uma questão importante: O bem-estar governamental é compatível com os princípios cristãos? Se o é, então, talvez, os cristãos devam apoiar a agenda política nacional de Obama na redistribuição da riqueza. Por outro lado, se a resdistribuição de riqueza obrigatória de um governo conflita com ou compromete os princípios cristãos, então, os cristãos podem achar que a adesão aos próprios princípios os levará a retirar o apoio e, talvez, até fazer oposição ativa a tais políticas. 

A crença de que os cristãos devam favorecer programas governamentais para os pobres tem uma longa história. Desde o surgimento do socialismo como doutrina política no século XIX, vários cristãos professos, atraídos pela visão de uma sociedade com repartição de riqueza mais igualitária, tomaram como causa comum a política socialista. O socialismo cristão, o evangelho social, a teologia da libertação – esses são alguns dos movimentos intelectuais mais famosos que buscaram unir, se não igualar, cristianismo e socialismo. Embora a maioria dos cristãos não tenha adotado o socialismo, muitos aceitam a proposição de que certa redistribuição de riqueza aos pobres, guiada pelo governo é coerente com valores e crenças cristãs. 

A conversa do presidente Obama com o pastor Warren destaca a atemporalidade dessa importante questão. Os cristãos devem favorecer programas de governo que redistribuem riquezas aos pobres? A afirmativa foi externada diversas vezes ao longo de décadas. Defenderei o oposto. Tentarei demonstrar que os cristãos que apoiam a redistribuição de renda pelo governo devem repensar isso à luz de alguns textos claros das Escrituras. 

Citar um único versículo das Escrituras, como fez o presidente Obama, pode ser útil e esclarecedor, mas também pode ser problemático, como vemos em Mateus 4, em que o tentador cita a Escritura. Convido os leitores a analisar as afirmações do senador Obama em no contexto bíblico mais amplo que apresentarei. 

Cristo e Governo – a Diferença Essencial 

A própria natureza e os métodos do governo e do Cristo diametricamente se opõem. O governo emprega a força e a ameaça da força, até mesmo a violência, para impor sua vontade. Jesus evitou as vias deste mundo, em especial, a força. 

O espírito de Cristo, gentil, mas poderoso, incita os humanos às obras de caridade por um impulso interno. O governo exige obediência por coação externa. A caridade cristã é voluntária, recompensando o doafor com alegria e satisfação. Em contraste, o apoio financeiro dos programas de governo não é voluntário, mas obrigatório. A recusa é punida com multas e/ou prisão. 

Virou modismo, recentemente, perguntar: “O que Jesus faria?” Será que Jesus contaria com a ajuda do Estado para cumprir sua missão? Segundo o registro evangélico, Jesus só entrou em contato com o governo quando o governo buscou privá-lo dos direitos individuais dados por Deus – vida (crucifixão), liberdade (prisão) ou propriedade (impostos). Dados os fatos, talvez não devamos concluir que o Senhor escolheria o governo como um aliado para realizar obras cristãs. 

“Mas hoje as coisas são diferentes”, alguns podem dizer. “No tempo de Jesus, a sociedade rmana era pagã, mas hoje os valores cristãos permeiam a nossa sociedade, e, portanto, é natural esperar que as políticas de governo implementem os valores cristãos”. Examinemos essa hipótese. 

Fora o longo registro histórico a demonstrar como os governantes cristãos arruinaram inúmeras vidas ao recorrer à coação, o próprio Jesus advertiu para a fusão dos objetivos cristãos com a agenda política. Mais sábio do que todos nós, o Salvador delineou duas esferas de atividade separadas, a sagrada e a secular, dizendo aos seguidores: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Marcos 12,17) 

Se Jesus acreditasse no poder político com via para o reino de Deus na Terra, não teria aceitado a oferta de Satanás para ter domínio sobre todos os reinos da Terra? Então, poderia ter instituído leis e imposto sua vontade à humanidade. Entretanto, todos sabem como o Senhor respondeu a essa tentação: “Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás”, (ver, Mateus 4, 8-10). 

Em que lugar na Bíblia a igreja de Cristo é instruída a delegar sua missão caritativa para o governo civil ou a buscar uma “guarda conjunta” ou responsabilidade partilhada para a beneficência cristã? O cristão “repreende, ameaça, exorta” (II Timóteo 4,2) os outros para aumentar as atividades de caridade, mas onde na Bíblia está escrito que devemos coagir aos outros a agir com caridade? 

A Via do Mestre 

A passagem da Bíblia que sempre é citada pelos que alegam apoio bíblico para a redistribuição de renda é o encontro de Jesus com o jovem rico em Marcos 10. O homem que não é nomeado quer saber como poderia ganhar a vida eterna. Depois de ouvir que guardava fielmente os mandamentos “desde a juventude”, Jesus lhe disse o que ainda precisava fazer: “Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Marcos 10,21). 

Esse incidente não dá apoio ao argumento a favor da redistribuição governamental da propriedade. Ao contrário, o relacionemento entre Jesus e o homem rico era totalmente voluntário. O reino dos céus funciona na base do contrato, não da coação. O salvador ofereceu ao homem um quid pro quo. Abra mão de tudo o que é terreno e darei a você a vida eterna. O rico era totalmente livre para aceitar ou recusar o acordo e os termos. Quando, de fato, rejeitou a oferta, Jesus o deixou partir em paz. Se tivesse dito aos discípulos: “Vamos ao governador e peçamos a ele para redistribuir a riqueza do jovem rico aos pobres”, então os redistributistas cristãos poderiam citar esse incidente para fundamentar a posição. Isso não é, contudo, o que registram as Escrituras. 

Os Evangelhos contêm outros relatos claros de Jesus aprovando a caridade espiritualmente motivada (voluntária) e rejeitando a redistribuição de riqueza materialmente compelida (involuntária). Quando o tacanho coletor de impostos, Zaqueu, anunciou voluntariamente, “vou dar a metade dos meus bens aos pobres” (Lucas 19,8), recebeu do Salvador uma bênção inequívoca, “Hoje entrou a salvação nesta casa” (Lucas 19,9). 

Em contraposição, quando um homem pediu a Jesus que dissesse ao irmão para dividir a herança com ele, em Lucas 12, o Senhor enfaticamente recusou, perguntando intencionalmente: “Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?” (Lucas 12,14). A importância dessa resposta é imensa. Se o Filho Unigênito de Deus não se sentia qualificado ou justificado para determinar, muito menos para determinar, quanto a propriedade de uma pessoa deve ser transferida a outra, então, no que nós, que professamos ser seus seguidores, devemos acreditar: que temos o direito, a sabedoria, a autoridade moral para defender, aprovar ou participar da redistribuição forçada, complexa e maciça de trilhões de dólares entre milhões de pessoas? 

Comunismo Bíblico? 

Muitos cristãos que afirmam que o socialismo é compatível com o cristianismo citam as passagens de Atos 4, 32-37, e Atos 5, 1-10. Esse é o relato da comunidade cristã do apóstolo Pedro partilhando da bolsa comum após a ascensão de Jesus. Há uma diferença crucial, entretanto, entre o arranjo dos apóstolos e o comunismo que os socialistas cristãos não se dão conta. Os apóstolos praticaram o comunalismo, não o comunismo. O comunalismo é totalmente consensual. Abrange apenas aqueles membros de uma comunidade maior que decidem, voluntariamente, participar. O comunalismo dos apóstolos era radicalmente diferente do socialismo, do fascismo ou do bem-estar social democrático, em que associação não é opcional, mas compulsória, e todos os que vivem naquela jurisdição política  devem pagar ao tesouro comum. 

A parte mais vívida dessa passagem é a do casal Ananias e Safira, que caíram mortos após descobrirem que retinham parte dos ganhos financeiros do fundo comum. Alguns cristãos interpretam isso como condenação da propriedade privada. Não é. Longe de negar o direito à propriedade privada, Pedro, explicitamente, a reafirma, ao dizer: “Acaso não o podias conservar sem vendê-lo [o campo]? E, depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Ao casal foi permitido manter a propriedade caso não tivessem voluntariamente contratado trocá-la por sociedade total na comunidade de fiéis. Ao conspirar para receber os benefícios da sociedade sem pagá-la com honestidade, tentaram fraudar a comunidade. Pedro claramente explicou que o pecado de Ananias e de Safira era a desonestidade. Mentiram ao Espírito Santo e esse pecado os matou. 

Outro aspecto importante do comunalismo descrito em Atos 4 e 5 é que o experimento da propriedade comunal aparentemente não durou muito. Em suma, podemos dizer apenas que a tentação de ser “sanguessuga” era muita natureza humana não redimida com que tinham de lidar e os líderes da Igreja primitiva creram não ser viável a propriedade comunal. Assim, escreveu o apóstolo Paulo, “quem não quiser trabalhar não tem o direito de comer” (II Tessalonicenses 3,10). Devemos acrescentar que Paulo praticava o que pregava. Desse modo, recordou aos tessalonicenses na primeira carta, “Vós vos lembrais, irmãos, dos nossos trabalhos [de confeccionar tendas] e de nossa fadiga. Trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, pregamos-vos o Evangelho de Deus” (I Tessalonicenses 2,9) 

Evangelho, Lei e Legislação 

Assim como os redistribucionistas cristãos confundem comunismo com comunalismo, do mesmo modo confundem lei e evangelho. A lei de Deus, dada no Antigo Testamento, é essencialmente negativa, por exemplo, não matarás, não roubarás, não mentirás, não cobiçarás, não basfemarás , etc. O Evangelho de Jesus Cristo, dado no Novo Testamento, é essencialmente positivo. Nos incita a ir além do mandamento de não matar, mas a perdoar e amar ativamente; não só não roubar, mas dar aos outros. 

A diferença entre a lei negativa e o evangelho positivo é profunda e as implicações correspondentes para o governo humano são importantíssimas. A legislação humana baseada na lei moral do Antigo Testamento é libertadora. Quando o governo restringe-se a proteger o direito individual dado e assegurado por Deus à existência e à propriedade, então as pessoas são livres para desenvolver os próprios afazeres, desde que não violem o direito dos outros de fazer o mesmo. Em contraste, quando a legislação elaborada pelo homem assume um caráter positivo e ordena às pessoas executar determinadas ações, então a pessoa pode ser culpada de crime apenas por sentar-se em casa e cuidar de seus afazeres. Uma vez estabelecido o princípio de que o governo tem o poder de ditar o que os cidadãos devem fazer em alguns casos, a sociedade começa a escorregar na proverbial ladeira rumo à tirania. 

Quando a legislação humana vai além da lei negativa e passa a ser positiva, ela pode atropelar as leis de Deus e usurpar Suas prerrogativas. O grande filósofo moral do século XVIII, Adam Smith, explicou em detalhes por que a legislação positiva, tal como a “caridade compulsória” destrói “a boa sociedade” por contradizer uma lei bíblica. 

Em A Teoria dos Sentimentos Morais (1759), Smith apresentou três virtudes cardeais que caractecterizam uma sociedade cristã estável, humana. A primeira virtude social é a prudência. Por isso, Smith quer indicar que a responsabilidade primária de cada indivíduo para a sociedade era prover de modo suficiente as próprias necessidades e as da família de modo a não ser um peso para os outros. Uma sociedade com muitos indivíduos imprudentes, improdutivos está condenada ao colapso (por exemplo, a queda de Roma). 

A segunda virtude social é a justiça. O senso de justiça de Smith era bíblico. Dizia que cada cidadão, independente da posição social, tinha o direito de receber a mesma proteção para a vida e a propriedade (ver: Levítico 19,15). Smith entendia que a justiça era uma virtude social absolutamente indispensável, a diferença entre a civilização e a selvageria, o sine qua non de uma sociedade viável, estável. 

A terceira das três virtudes sociais cardeais é a beneficência, a atuação da bondade e de feitos caridosos para com os outros. No modo de pensar de Smith, as ações beneficentes são as joias da coroa da sociedade, a marca da grandeza, da maturidade e, digamos, do cristianismo de uma sociedade. 

Smith advertiu, contudo, que não é impossível legislar a benevolência, tal como a concessão de ajuda financeira aos pobres, sem violar a justiça – o direito das pessoas de estarem seguras em sua propriedade. Para o governo, ou para qualquer outro, apreender ou confiscar à força a propriedade com o propósito de ajudar a outrem é romper uma lei moral, o mandamento que proíbe o roubo. É irrelevante que a riqueza confiscada seja redirecionada aos pobres. O oitavo mandamento não estipula exceções. Não diz, “ Não devei roubar, exceto a serviço dos pobres”. 

Os cristãos não fogem do dilema de não forçar a implementação dos princípios do Evangelho por meio da legislação, mesmo para causas dignas, tais como a ajuda aos pobres sem violar a lei moral dada pelos dez mandamentos. Para o cristão praticante, os mandamentos de Deus permanecem invioláveis. Jesus nunca revogou os dez mandamentos, mas os reafirmou, declarando claramente: “Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição” (Mateus 5,17). 

O limite legítimo, portanto, para o uso da força por qualquer autoridade mortal, seja civil ou eclesiástica é o reforço à obediência da lei mosaica. A jurisdição e o julgamento a respeito de como um indivíduo vive segundo os padrões do Evangelho de Jesus não compete ao Estado, mas está reservado a Ele, que senta no trono do Juízo final. 

A Tentação Democrática 

Existem muitos cristãos que seguem a crença popular de que se a maioria democrática vota por uma política, então, a política, necessariamente, deve ser legítima. A maioria das ações não são um direito moral a priori. Se assim o fossem, então deveríamos endossar a maioria democrática que votou por Pilatos para libertar Barrabás em vez de Jesus (ou, nessa questão, a maioria democrática que condenou o nobre Sócrates). 

Somente porque a maioria aprova algo, isso não torna o errado, correto. O oitavo mandamento não diz: “Não devei roubar, exceto pelo voto da maioria”. Poucos cristãos tomariam a propriedade de outrem para dá-la a um pobre. Veriam, de modo correto, tal coisa como roubo. Delegar a tarefa a um governo democrático não santifica a tomada da propriedade privada. 

Os cristãos devotos que fundaram os Estados Unidos da América também eram grandes estudiosos de história. A opinião geral a respeito da democracia que nutriam foi resumida, de maneira eloquente, por James Madison, o quarto presidente dos Estados Unidos e o principal autor de nossa Constituição: “ […] democracias sempre revelaram turbulência e controvérsia; sempre foram tidas como incompatíveis com a segurança pessoal ou com os direitos de propriedade e, em geral, foram tão curtas em vida quanto foram violentas na morte.” 

Porque os fundadores compreenderam muito bem os defeitos inerentes da democracia que construíram uma república constitucional. As várias formas da palavra “democracia” não aparecem em nossos documentos fundantes, na declaração de Independência, na Constituição e na declaração de direitos. Ainda que não fosse teoricamente consistente (por exemplo: escravidão), nossa constituição pretendeu proteger os direitos individuais dados por Deus. Uma democracia teria tido poder, pelo voto da maioria, de passar por cima dos direitos de quaisquer cidadãos apontados pela maioria. Diferente disso, pela nossa constituição, nenhuma maioria pode privar um indivíduo dos direitos dados por Deus para garantir a própria vida, a liberdade e a propriedade. 

A avaliação feita por Madison da democracia é posta diante de nossos olhos hoje. A vida social de nosso país está se tornando radicalmente politizada, o que resulta numa turbulência hostil e no litígio constante. Como o governo cada vez lança programas de mais gastos para vários eleitores, o roubo da propriedade se torna cada vez mais agressivo. À medida que avançamos na falência nacional, estremecemos ao contemplar convulsões raivosas que podem marcar o fim de nossa república democrática. 

A Armadilha dos Direitos 

Os cristãos dão ênfase à importância de ser amados. Isso é natural, já que os dois grandes mandamentos dados por Jesus foram amar a Deus de todo o coração e amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22,37, Marcos 12, 29-31). O apoio caritativo para os necessitados é um modo de agir amorosamente. Assim, muitos cristãos apoiam os programas do governo para os pobres acreditando que essa é a coisa amorosa a fazer. Entretanto, os programas do governo podem, decididamente, ser cheios de desafeição no impacto, em especial, os assim chamados de programas de “direitos”. 

Instituir privilégios jurídicos aos contribuintes favorece abusos aos direitos de propriedade dados por Deus aos homens, o que é desamor a Deus e aos homens. A palavra “privilégio ou direito” denota um direito ou reivindicação. Direito a quê? No moderno Estado de Bem-Estar social significa direito a parte do dinheiro de outra pessoa. Tal “direito” putativo anula os direitos dos outros à propriedade que detêm. Por meio do artifício da novilíngua orwelliana, “direito” significa “sem direito” e teu quer dizer “meu”. 

Em segundo lugar, é corrosivo economicamente, socialmente e moralmente, que uma sociedade confira o status de “direito” a recompensas de bem-estar social. Conferir tal “direito” a indigentes indolentes é dizer que eles têm a prerrogativa de suporte financeiro de seus companheiros trabalhadores. Isso inverte os valores de uma sociedade saudável e próspera e azeita a ladeira íngreme do declínio e da decadência social. O declínio e queda do Império Romano teve causas múltiplas, mas talvez nenhuma tenha sido tão crucial quanto a falência econômica e moral das políticas de Bem-Estar Social. Enquanto o senado romano continuava a aumentar os tributos sobre os produtivos e a subsidiar os improdutivos, cada vez mais os cidadãos romanos decidiam abandonar os empregos e deixar que o governo lhes sustentasse. No final, todo o sistema corrupto entrou em colapso pelo próprio peso morto. Defensores do aumento do tamanho do “Estado-babá” não percebem o desastre potencial que estão provocando. Os cristãos que acreditam em amor ao próximo não deveriam apoiar políticas que podem destruir a própria sociedade. 

Em terceiro lugar, “direitos” violentam a nossa Constituição, essa carta magnífica que os pais fundadores projetaram para proteger nossos direitos divinos. A quinta emenda proíbe a tomada da propriedade privada sem justa compensação à pessoa da qual foi apropriada, contudo, esses “direitos” transferem bilhões de dólares para alguns cidadãos à custa de outros sem compensação alguma aos contribuintes. A décima quarta emenda garante a todos, explicitamente, “a igual proteção das leis”, no entanto, programas de direitos tomal dinheiro de alguns e o doam para outros. Além disso, e mais flagrante, se as peossoas que não trabalham têm “direitos” a serem sustentados pelos que trabalham, entõa, os que são obrigados a trabalhar para outros sem compensação estão em um estado de “servidão involuntária”, violando a décima terceira emenda. Políticas que produzem dependência econômica e jurídica não são ternas, e os cristãos não devem apoiá-las. 

Em quarto lugar, um direito pode ser contraproducente e sem amor para com a pessoa que o recebe. Na famosa parábola de Jesus do filho pródigo (Lucas 15), o filho pródigo não descobre que era verdadeiramente importante até que tenha chegado ao fundo do poço e ninguém o acudiu. Ficamos pensando se ele teria mudado de vida se vivesse em um Estado de Bem-Estar social, em que tivesse direito a doações regulares. É quase certo que ele não teria assumido a tarefa inferior de cuidade de porcos e, portanto, poderia nunca ter despertado para a necessidade de reforma e arrependimento. Em vez disso, poderia ter permanecido em um estado de dependência infantil no narcótico do Bem-Estar social indefinidamente, nunca encontrando significado e propósito na vida. 

O Modelo Bíblico da Caridade 

Nada do que foi escrito dever ser aqui interpretado como algo a minimizaar a obrigação dos cristãos de executar feitos caridosos. Na paráboloa do Bom Samaritano, Jesus mostra de maneira clara que os dois caminhos apropriados para o cristão praticar a caridade. A primeira opção é servir direta e pessoalmente aos que necessitam de ajuda, como fez o samaritano quando identificou o viajante ferido. A segunda opção é fazer uma doação (uma contribuição voluntária, não um imposto) para ajudar outras pessoas a cuidarem dos necessitados (Lucas 10, 33-35) como fez quando teve de deixar o samaritano e cumprir suas responsabilidades pré-existentes. 

O Bem-Estar Social vai além desse paradigma bíblico. Como descrito pela primeira vez pelo eminente sociólogo William Graham Sumner, há mais de um século, o paradigma do Bem-Estar social é: A e B decidem quanto tirar de C para dar a D. Hoje são muitos “As” e “Bs” que demandam altos impostos de C, dentre eles muitos políticos abastados cuja restituição de impostos revela a parcimônia pessoal em doar para a caridade. 

Jesus compreendia que nenhum homem está moralmente qualificado a ditar aos outros quanta caridade devem dispensar, ou o que outras boas ações a pessoa deve fazer. Censurou a tentação do bom-mocismo ao perguntar, claramente: “Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?” (Mateus 7,3). 

A resposta correta para o cristão dar quando perguntado . “Quem tem a responsabilidade de realizar ações caridosas?”, é “ EU”. Respostas como “o rico” ou “a sociedade” são evasivas na responsabilidade individual. Não é dever ou prerrogativa cristã forçar outros a se unirem a nós em esforços caritativos. É errado supormos fazer a vontade de Deus ao compelir ou tentar compelir os outros a fazer boas ações. Paulo ensina a cada um de nós: “trabalhai na vossa salvação” (Filipenses 2,12). 

A Superioridade Prática da Caridade Privada 

De um ponto de vista puramente pragmático, a caridade privada, voluntária, é muito mais eficiente do que os programas governamentais. Isso não é de surpreender, já que as caridades privadas podem gastar somente os fundos que possam obter ao convencer os outros a lhes doar, ao passo que os funcionários públicos têm o poder privilegiado de tributar. Os legisladores estão demasiado dispostos a gastar o dinheiro de outrem e aumentar o débito nacional para persuadir eleitores, parecendo ser bons, visto que o imperativo burocrático é gastar tanto dinheiro quanto possível, já que é isso o que induz o Congresso a aumentar o orçamento de um departamento e aumentar a folha de pagamento. 

O uso eficiente de recursos escassos deve permanecer uma preocupação primária para os que se preocupam com o próximo. Continuam a existir necessidades que não são correspondidas e, para cada milhão de dólares desperdiçado em uma gestão extravagante, haverá muito menos riqueza real na sociedade para educar os jovens, diminuir a poluição, reduzir a pobreza, criar empregos, cuidar dos doentes, etc. O desperdício nos programas de combate a pobreza do governo federal é incompreensível. Segundo o livro de 2008 do economista Edgar K. Browning, Stealing From Each Other: How the Welfare State Robs Americans of Money and Spirit [Roubando Uns aos Outros: Como o Bem-Estar Social Rouba o Dinheiro e o Espírito dos Norte-Americanos], o total das despesas governamentais de 2005 (nacional, estadual e local) em 85 programas de bem-estar totalizou 620 bilhões de dólares, o que se traduz em 67 mil de ajuda, em um ano, para uma família de baixa-renda de quatro pessoas, Se os pobres realmente tivessem recebido essa quantia, obviamente estariam longe da pobreza, mas a maior parte desse auxílio foi consumida por uma sobrecarga de burocracia. 

O que torna a caridade privada, voluntária, mais eficiente é que os doadores estão mais próximos – talvez, face a face – com os recebedores da ajuda do que no caso das enormes burocracias governamentais. Assim como os que pedem esmolas na Bíblia tinham contato direito com os potenciais benfeitores, que podiam julgar por si se o pedinte era verdadeiramente incapaz de se sustentar e não um aproveitador, é muito mais fácil para as caridades privadas selecionarem os pobres desamparados dos pobres por escolha. 

Há abuso na caridadae quanto os que são capazes de trabalhar, mas preferem aceitar uma ajuda do que levantar um dedo para fazer um trabalho produtivo, desviam recursos escassos da minoria de pessoas realmente necessitada que são absolutamente incapazes de cuidar de si. Há quem afirme que não existem “pobres que não mereçam”, mas a Bíblia contradiz essa afirmação. Em Provérbios 10, 4; 13,4; 19,15; 20,13; 23, 21 e em 28, 19-22, todas as passagens proclamam a fraqueza moral, tal como a preguiça e a tolice, que podem ser causas de pobreza. 

O próprio Jesus condenou a indolência e a falta de produtividade. Na parábola dos talentos, repreendeu o servo improdutivo, passivo, e deu o talento que lhe fora confiado ao servo que entregou mais talentos, pois o último demonstrou a iniciativa de aplicar os talentos em um uso produtivo (ver Mateus 25, 14-30). 

O que deve ser feito? 

O Bem-Estar Social é gigante, está enraizado e cresce. O tamanho do governo federal expandiu incrivelmente no governo do presidente George W.Bush e está a expandir ainda mais rapidamente no governo do presidente Obama. Isso não é uma questão partidária. Nenhuma das partes resiste ao governo arrogar para si as responsabilidades cristãs.. Ambas estão dispostas a deixar o governo absorver as atividades próprias das igrejas. Quando se trata de programas, nenhum partido advoga a separação entre Igreja e Estado. 

No  momento, não existe possibilidade de abolir o Estado de Bem-Estar Social.Espero, contudo, que os cristãos que defendem o Bem-Estar “arrependam-se” (literalmente, “repensem”) o apoio que dão aos programas de Bem-Estar do governo à luz dos ensinamentos bíblicos, por amor ao país e seus conterrâneos norte-americanos. 

Para aqueles que leram esse artigo até aqui e pensam que sou alguma espécie de “grinch” com desejo de vingar-me dos pobres, deixem-me que rapidamente corrija essa noção errônea ao afirmar que um objetivo político anterior dos cristãos era abolir a miríade de programas federais que redistribuem dinheiro para os ricos e poderosos. Empregar a força do governo para redistribuir riqueza, com base na Bíblia, nunca é justificável, mas o maior ultraje moral é a prática obscena de usar o poder do governo para canalizar a riqueza para os ricos. De todos os modos, cortemos o fluxo de dinheiro do tesouro federal para os prósperos – ajudas emergenciais e doações às corporações, subsídios para o agronegócio bem-sucedido, doações às universidades politicamente corretas e relacionadas e para organizações sem fins lucrativos – antes de parar de transferir remunerações aos pobres. 

Muitos cristãos que deram apoio ao sistema de Bem-Estar Social não percebem que são cúmplices involuntários de uma agenda política que vai muito além de dar ajuda aos pobres. “Muitos dos social-democratas seculares e socialistas com quem buscam causa comum expandir o sistema de Bem-Estar, desejam expandir o poder do governo em todas as esferas da sociedade”. O ideal é o Estado onipotente, não o Deus onipotente. Os objetivos gerais são seculares, materialistas e fundamentalmente anticristãos. 

Naturalmente, os secularistas agradecem o apoio dos cristãos na questão da redistribuição da riqueza. Creem que esse apoio é fortuito e oportuno, mas não veem tal colaboração como uma aliança permanente. De fato, se voltam contra os cristãos logo que isso lhes seja conveniente. Se os cristãos pró-redistribuição desejam provar essa afirmação, deixemos que eles tentem obter apoio dos socialistas seculares para qualquer política que seja tradicionalmente cristã, mesmo algo inócuo como a oração nas escolas, e verão rapidamente que os antigos companheiros exaltam o Estado acima de Deus. 

Enquanto os cristãos reconhecem – como fizeram nossos pais fundadores – que cada indivíduo tem um direito inalienável dado por Deus de desfrutar da vida, da liberdade e da propriedade, os secularistas e estatistas buscam limitar esses direitos. O direito a vida é limitado quando o grande governo usa os dólares dos impostos para ajudar a financiar o holocausto do aborto em curso. Sacrificar jovens como política oficial do Estado é uma característica da sociedade pagã (por exemplo, os astecas), e não da civilização cristã. Até mesmo os cristãos que acreditam que o aborto é uma escolha privada devem hesitar quando o governo manda que contribuintes financem esse ato. 

Os cultores favoráveis ao Bem-Estar também ameaçam nossa liberdade e propriedade. A principal ameaça contemporânea à nossa liberdade é o desejo do presidente Obama e seus aliados no Congresso fazer Washington exercer cada vez mais controle sobre a atividade econômica, da energia à saúde. Os norte-americanos dificilmente podem se dizer livres se a regulamentação do governo ditar o consumo de energia e as decisões sobre a saúde. A posição tênue de nossos direitos de propriedade é evidente no objetivo dos secularistas de ter controle governamental de uma parcela ainda maior da riqueza da nação, m7uito embora o governo já tenha consumido mais de um terço do produto interno bruto da nação. Um governo tão inflado não expressa a Palavra de Deus. A Bíblia nos ensina que Deus espera que seu povo pague o dízimo – pagar um décimo da renda – para servi-Lo. Será que os cristãos deveriam promover o crescimento de um Estado secular que lhes obriga a mais coisas do que Deus Todo-Poderoso? 

Perdoem-me a franqueza, mas a advertência dura de Paulo é pertinente aqui: “Que compatibilidade pode haver entre Cristo e Belial? Ou que acordo entre o fiel e o infiel? […] Portanto, saí do meio deles e separai-vos, diz o Senhor. Não toqueis no que é impuro, e vos receberei” (II Coríntios 6, 15, 17). 

Conclusão 

Os pais fundadores estavam certos. Compreenderam que o poder do governo é, potencialmente, a maior ameaça aos direitos humanos. Washington comparou o governo ao fogo – útil, quando cuidadosamente confinado e controlado, mas assustadoramente destrutivo, quando fora do controle. Jefferson disse que os norte-americanos deveriam usar as cadeias da Constituição, de modo diligente, para evitar as “travessuras” do governo (um eufemismo para danos e estragos). Os fundadores nos aconselhariam a não esperar que o governo faça o bem, mas, em vez disso, que o mantenhamos pequeno e limitado, para que seu poder não seja pervertido para fins maus, sendo o principal deles, a violação dos direitos que nos foram dados por Deus. 

Os socialistas seculares adotam a filosofia perniciosa do igualitarismo. Querem usar o governo para tornar as pessoas mais iguais. Ao fazê-lo lutam contra a natureza e contra a natureza de Deus, já que Ele nos concedeu habilidades diferentes (recordemos a parábola dos talentos). A Bíblia, diferentemente, institui o princípio sagrado da igualdade diante da lei – “Não sereis injustos em vossos juízos: Não favorecerás o pobre nem terás complacência com o grande; mas segundo a justiça julgarás o teu próximo” (Levítico 19,15; ver também II Samuel 14,14; II Crônicas 19,7; Provérbios 24,23; Romanos 2,11; Colossenses 3,25; Tiago 2,9). Secularistas e estatistas acreditam em tratamento desigual perante a lei – um sistema de discriminação e privilégios que pilham a propriedade de alguns para dar a outros, de modo que todos possam ser iguais no que possuem. Temos uma escolha clara a fazer. Ou seguimos a orientação divina e defendemos o Estado de Direito ou O rejeitamos e entronizamos um sistema de privilégios que alimenta o conflito em vez da cooperação e da paz. 

As boas novas (além das Boas Novas do Evangelho) para os cristãos norte-americanos é que não há leis que nos impeçam, como indivíduos, igrejas ou organizações voluntárias de ingressar em atividades caritativas e ajudar os pobres. Cada um de nós é livre para fazer obras cristãs sem impedimentos ou perseguição dos poderes políticos temporais (embora pudéssemos fazer muito mais se o Estado não apropriasse ou consumisse tanto da nossa riqueza). Sigamos adiante e cumpramos nosso dever cristão de ajudar os pobres. Comprometamo-nos também com o objetivo excelso e digno de preservar nossa república e defender sua Constituição inspirada, sem a qual não seríamos livres ou prósperos como somos. Recuemos do precipício em que Roma e outras democracias falidas mergulharam. 

Temos uma escolha. Depositar nossa confiança na sabedoria de Deus ou na sabedoria do homem; honrar e proteger os direitos divinos dados por Deus ou aumentar o poder do governo que ameaça esses direitos; submetermo-nos à vontade divina ou exercer a vontade humana; servir ao criador de todos ou ao príncipe deste mundo; viver como homens livres ou como carcereiros e servos do Estado. 

A escolha para os humanos sempre se resume à escolha básica apresentada no livro do Deuteronômio: 

Olha que hoje ponho diante de ti a vida com o bem, e a morte com o mal. Mando-te hoje que ames o Senhor, teu Deus, que andes em seus caminhos, observes seus mandamentos, suas leis e seus preceitos, para que vivas e te multipliques, […] ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas com a tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo à sua voz e permanecendo unido a ele. Porque é esta a tua vida e a longevidade dos teus dias na terra (Deuteronômio 30, 15-16, 19-20) 

*Este artigo foi originalmente publicado no Institute for Faith & Freedom.


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