Instituto Libertário Cristão
Randy England
Nos seus comentários sobre o imposto do templo, Jesus observou que nem ele (o divino Filho de Deus) nem seus seguidores (filhos de Deus por adoção) eram obrigados a pagar o imposto. Ele, então, encarregou Pedro, mesmo assim, de pagar o tributo a fim de evitar problemas com as autoridades. Naquele momento, Jesus tinha assuntos mais importante com os quais se preocupar e não tinha a menor intenção de permitir que os sacerdotes do Templo ou os romanos decidissem quando seria o dia da sua crucificação. Ele não havia vindo para liderar uma revolta fiscal, ou uma revolta de escravos ou para libertar Israel do governo romano. Ele veio para nos salvar dos nossos pecados e para estabelecer sua Igreja a fim de trazer essa salvação para todo o mundo.
Da mesma maneira que Jesus disse para pagarem o imposto – porque sua missão exigia que eles “não fossem motivo de tropeço” – seus apóstolos mais tarde fariam o mesmo. Eles, como Jesus, tinham uma missão prioritária que não seria comprometida por missões secundárias. Antes de Jesus ascender aos céus, ele disse aos seus seguidores:
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19).
A história mostra que o evangelho, por fim, iria mitigar ou eliminar muitos dos males do mundo, mas as reformas não viriam tanto de revoluções e levantes como da subversão sutil que se segue dos ensinamentos de Jesus.
Durante seu ministério, Jesus enfatizou a importância de viver de forma tranquila e humilde. Isso pode ser visto no episódio em que a mãe de Tiago e de João pediu a Jesus que ele desse a seus filhos lugares de alta honra no seu Reino. Jesus colocou um fim nisso, dizendo aos apóstolos para serem humildes: “e quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro entre vocês deverá ser escravo” (Mateus 20:26-27).
Uma vida tranquila e humilde foi também um tema fundamental do sermão do monte enquanto Jesus pregava sobre as bênçãos em relação aos mansos, aos pobres de espírito, aos misericordiosos e aos puros de coração (Mateus 5:3-12). Paulo, mais tarde, ligou suas exortações à obediência da lei, à necessidade de viver tranquilamente e longe dos refletores:
Lembre a todos que se sujeitem aos governantes e às autoridades, sejam obedientes, estejam sempre prontos a fazer tudo o que é bom, não caluniem a ninguém, sejam pacíficos e amáveis e mostrem sempre verdadeira mansidão para com todos os homens (Tito 3:1-2).
Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem. Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos. Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos (Romanos 12:14-18).
Na primeira carta a Timóteo, Paulo exorta os cristãos a orarem por todos, incluindo por seus líderes, “para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade” (1 Timóteo 2:1-2). Ele também aconselha a igreja de Tessalônica: “Esforcem-se para ter uma vida tranquila e cuidarem de seus próprios negócios” (1 Tessalonicenses 4:11). Mais tarde, Paulo adverte aqueles que trariam escândalo e repreensão à Igreja:
Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia. A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem tranquilamente e comam o seu próprio pão (2 Tessalonicenses 3:11-12).
O tema em questão está de acordo com a resposta de Jesus a respeito do imposto do Templo. Os filhos são livres e não sujeitos ao imposto, mas a uma lei mais alta. Contudo, a prudência determina que os cristãos devem – na maioria dos casos – obedecer às leis do Estado. Nós devemos viver vidas pacíficas, piedosas e respeitosas.
Tal submissão está também de acordo com o ensino de Jesus a respeito de sofrer as injustiças: “Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra” (Mateus 5:39). Se estivermos dispostos a suportar injustiças pessoais, nós podemos, da mesma forma, suportar maus-tratos pessoais por parte do Estado.
Nós devemos nos lembrar, entretanto, que a obediência ao Estado tem seus limites. Dessa forma, o mesmo Jesus que aconselhou Pedro a pagar o imposto pelos dois também fez um chicote e atravessou o Templo derrubando as mesas e expulsando aqueles que haviam profanado a casa do seu Pai. Semelhantemente, Pedro, mais tarde, desafiou as autoridades do Templo declarando: “Nós devemos obedecer a Deus ao invés de obedecer aos homens”.
*Este artigo foi originalmente publicado no Catholic Libertarians.
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